Queria voltar a escrever pra desafogar o peito... Queria ser
leve e desenvolver aquela fluidez impassível cotidiana que parece tão simples
para algumas pessoas...
Mas a verdade é que melancólica, em tudo me envolvo. Por
mais que me esforce por forjar escudos e produzir carcaças, pra me defender da
vida e de todos... Meu peito se abre.
E se há misérias eu sinto, e se há maldades eu sinto, e se é
injusto eu sinto. E se você quer tripudiar e ser sádico aproveite, eu sinto!
E se não há como ser diferente tudo bem. Aceito e reúno meus
cacos, eles sempre se refazem num novo mosaico. E o que você vê? Qual forma?
Bela, suave, pateta, gentil, triste, profunda... Gire mais uma vez o cilindro, qual
a minha forma?
Até quando um todo pode se quebrar? Quanto mais e mais forte
é preciso pra que se fragmente de vez em pedaços mínimos. Pra que o vento leve?
Pra que seja leve? Pra que não sinta mais?